Viver é ter histórias para contar, não coisas para mostrar

A vida moderna nos leva a acumular muitas coisas de que não precisamos, enquanto a publicidade nos incentiva a comprar cada vez mais. Sem pensar…

Assim, acabamos associando nosso valor como pessoas ao valor das coisas que possuímos. Com isso, não é de se estranhar que muitos acabem se identificando com seus bens e os ostentando como um troféu. Eles vivem para mostrar.

No entanto, viver através das coisas não é viver. Quando nos identificamos demais com as coisas, deixamos de possuí-las e são elas que nos possuem.

A questão aristotélica que não conseguimos responder

A pergunta mais importante que podemos nos fazer é a mesma que Aristóteles se fez séculos atrás: como devo viver para ser feliz?

A maioria das pessoas não procura dentro de si a resposta. Elas não se perguntam o que as fazem felizes, excita ou apaixona, mas só se deixam levar pelas circunstâncias.

E atualmente essas circunstâncias são marcadas pela sociedade de consumo.

A felicidade, segundo este novo “evangelho”, consiste em levar uma vida boa. E uma boa vida, significa, literalmente, uma vida de consumo. Se possível, ostensivo, para que nossos vizinhos e/ou seguidores nas redes sociais possam nos invejar.

No entanto, apostar nas coisas como forma de alcançar a felicidade é complicado. Devido à adaptação hedonista, mais cedo ou mais tarde acabamos nos acostumando com as coisas, mas quando elas se deterioram ou se tornam obsoletas, deixam de gerar aquela satisfação inicial, que nos leva a comprar coisas novas para reviver aquela sensação de euforia. Assim fechamos o círculo do consumismo.

Décadas de pesquisa psicológica mostram precisamente que as experiências geram mais felicidade do que as posses. Um experimento muito interessante realizado na Cornell University revelou por que é melhor ter experiências do que comprar coisas. Esses psicólogos verificaram que quando planejamos uma experiência, as emoções positivas começam a se acumular a partir do momento em que começamos a planejar o que vamos fazer e permanecem por muito tempo depois.

Esperar por uma experiência gera mais felicidade, prazer e emoção do que esperar pela chegada de um produto, uma espera muitas vezes mais carregada de impaciência do que de expectativa positiva. Imaginar, por exemplo, um delicioso jantar em um bom restaurante o quanto iremos aproveitar nas próximas férias gera sentimentos bem diferentes da espera desesperada causada pela chegada de um produto em casa.

Somos a soma de nossas experiências, não de nossas posses

As experiências são passageiras. Claro. Não podemos usá-los como sofá ou telefone celular. Não importa o quanto tentemos, não podemos encapsular cada segundo dos momentos mais importantes da vida.

No entanto, essas experiências se tornam parte de nós. Eles não desaparecem, nós os integramos em nossa memória e eles frequentemente nos mudam. As experiências tornam-se uma forma de nos conhecermos, crescermos e nos desenvolvermos como pessoa.

Cada nova experiência que vivemos é como uma camada que se deposita sobre a outra. Aos poucos, ela nos transforma.

Isso nos dá uma perspectiva mais ampla. Desenvolver nosso caráter. Isso nos torna mais resilientes. Isso nos torna pessoas mais maduras.

Portanto, embora não possamos valorizar experiências como bens, podemos carregá-las conosco pelo resto de nossas vidas. Onde quer que formos, nossas experiências nos acompanharão.

A nossa identidade não é definida pelo que possuímos, é antes uma mistura dos lugares que visitamos, das pessoas com quem partilhamos e das lições de vida que aprendemos.

Na verdade, até mesmo experiências ruins podem se tornar uma boa história se conseguirmos extrair um aprendizado valioso.

É improvável que comprar um novo telefone mude nossas vidas, mas viajar pode transformar nossa visão do mundo.

Não é por acaso que nossos maiores arrependimentos não vêm de perder uma oportunidade de compra, mas de não fazer algo. Não ousamos. Não vou a esse concerto. Não ter feito aquela viagem. Não ter declarado nosso amor. Não ter mudado de vida…

Quase sempre há uma segunda chance de comprar coisas, mas as experiências não podem ser duplicadas. Quando perdemos uma viagem ou um evento especial, perdemos todas as histórias que o acompanham.

Portanto, se quisermos minimizar os arrependimentos no final da vida, é melhor ampliar o horizonte e priorizar as experiências.

Devemos viver para ter histórias para contar e ter bons momentos em nossa memória, em vez de definhar desejando ter as coisas

Fonte:

Gilovich, T. et. Al. (2014) Waiting for Merlot: Consumo Antecipatório de Compras Experimentais e Materiais. Ciências Psicológicas ; 25(10): 10.1177.

*DA REDAÇÃO SAG. Via RT. Foto de Holly Mandarich no Unsplash

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