“Um Filho”: Filme acaba e você continua pensando nele!

Um Filho (The Son – 2022)

A vida ocupada de Peter (Hugh Jackman) com sua nova parceira (Vanessa Kirby) e seu bebê recém-nascido é agitada quando sua ex-esposa Kate (Laura Dern) surge com o filho (Zen McGrath) adolescente dos dois: um jovem problemático, introvertido e furioso.

O filme acabou há duas horas e eu continuo pensando nele. A experiência foi emocionalmente devastadora, isto não é pouca coisa, levando em conta que o desafio no patético cinema atual é fazer com que eu suporte chegar ao término da sessão.

O roteirista/diretor Florian Zeller adapta sua peça homônima e, apesar da trama desta feita não pedir floreios estéticos ou simbolismo, elementos que inteligentemente sustentavam o anterior, “Meu Pai”, transcendendo a sensação de teatro filmado, ele consegue prender a atenção do público com a brutal honestidade dos diálogos e situações.


Crítica de “Um Filho”, de Florian Zeller

Ambientado antes dos acontecimentos daquele que entrou em minha lista como o melhor filme em seu ano de estreia, o projeto conta com uma participação breve, mas impecável, do grande Anthony Hopkins. O seu discurso carrega material para reflexões profundas, não somente sobre o papel do pai na família e os males psicológicos da vitimização, como também aponta o dedo na direção de algo que testemunhamos nos últimos três anos.

“O problema hoje é que as pessoas têm medo de tudo. Olhe ao seu redor. Bando de covardes! Ninguém mais quer correr nenhum tipo de risco. Por este motivo o Ocidente não vai durar muito tempo…”

O material humano, leia-se, a atuação brilhante do elenco, faz com que você se sinta parte do cenário, logo, quando os personagens sofrem, o natural ímpeto de julgar as suas atitudes e buscar culpados é, como na vida real, minimizado pelo desejo de afagar, tranquilizar, lutar pelo restabelecimento da normalidade.

Eu destaco dois momentos verdadeiramente brilhantes, a cena em que Peter e Kate conversam em um restaurante e, mais adiante, o primeiro sinal de harmonia familiar através da dança. Se o terceiro ato não disfarça a intenção de manipular o espectador, algo que faz com muita competência, e, vale salientar, não é um problema, nestas duas cenas o mérito das lágrimas é todo da competência na entrega de Hugh Jackman, Laura Dern, Zen McGrath e Vanessa Kirby.

O trabalho corporal de Jackman é muito inteligente, o seu personagem inicia empertigado, escondido em trajes que representam respeitabilidade, e, ao longo da jornada, ele projeta externamente a angústia que se apresenta em seu âmago, a culpa, o desespero ao compreender a fragilidade da imagem que criou como forma de proteção desde a infância conturbada com o pai, com o seu desconforto existencial gradativamente descascando o verniz social, culminando na forte imagem que fecha a obra.

“Um Filho” é, desde já, um dos melhores filmes do ano.

*DA REDAÇÃO SAG. VIA DEVO TUDO AO CINEMA. FOTO/DIVULGAÇÃO

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