“Perfume de Mulher”: um filme sobre motivação que marcou gerações, agora disponível na AMAZON PRIME

Por Octavio Caruso

Frank (Al Pacino) é um militar aposentado, cego e impossível de se conviver junto. Sua sobrinha contrata o jovem Charlie (Chris O’Donnell) para cuidar dele no dia de Ação de Graças. Charlie aceita o trabalho para poder pagar por uma viagem de volta para casa no Natal, porém eles não contavam com a ideia de Frank em passar o dia em Nova York.

Uma das fitas mais alugadas na época áurea do VHS, o estojo não parava na prateleira, esta elegante refilmagem do italiano homônimo de 1974, de Dino Risi, com Vittorio Gassman (leia minha crítica AQUI), adaptado do livro “A Escuridão e o Mel”, de Giovanni Arpino, ainda que problemática em alguns pontos, como na desnecessariamente longa duração, entrega duas das melhores cenas da história do cinema norte-americano, mérito do roteirista Bo Goldman, de “Um Estranho no Ninho”, e, claro, conta com a presença do grande Al Pacino, inspirado sobremaneira, sendo desafiado com um personagem multifacetado, fisicamente limitado e psicologicamente complexo.

A trama não se sustentaria se o público não comprasse totalmente a cegueira do protagonista, só a usual suspensão de descrença não bastaria, o ator, consciente disto, recusou qualquer tipo de truque, como lentes de contato e técnicas desgastadas de teatro (que acabaram se transformando em clichês), a sua compreensão transcendia o aspecto da visão, ele entendia a cegueira de Frank como uma cicatriz existencial, não poderia transparecer que havia sido um elemento ensaiado inserido na equação.

Ele decidiu jamais sair do personagem durante a produção, mesmo quando a câmera não estava rodando, manteve o olhar distante, o comportamento irritadiço de quem se sente marginalizado, apoiando-se na bengala com um misto perceptível de gratidão e ódio, opção que até causou alguns acidentes. Até mesmo a clássica sequência de dança ao som de “Por una Cabeza” (de Carlos Gardel) foi improvisada, o ator não compareceu aos ensaios, três semanas exaustivas, algo que incomodou a parceira, Gabrielle Anwar, mas ele sabia que o desconhecido, principalmente nesta cena, potencializava a emoção. Os possíveis tropeços agregariam veracidade ao momento.

As escolhas de Pacino transformam momentos simples em preciosas aulas de atuação, o seu esforço é o coração e a alma da obra.

Uma simples dança resolveu provavelmente o que tomaria uma página e meia de roteiro. A maneira sutil com que o personagem demonstra sua dignidade ao dançar, seu comprometimento com sua parceira e o olhar de admiração do personagem de Chris O’Donnell já expressam todas as intenções, elevando a qualidade do filme como um todo. A bela mulher, jovem e inocente como Charlie, recebe como presente inestimável a oportunidade de experimentar a liberdade, o ato de correr riscos, simbolizado na dança, antes de retornar internamente acorrentada para a sociedade.

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A cena do Tango entrou de forma justa para a cultura pop, mas ela eclipsa outra no filme que considero até superior, o poderoso discurso em defesa do estudante no tribunal da universidade. Nela, o roteirista entregou pérolas sobre a importância de se manter íntegro no ninho de cobras, e, mais que isto, a necessidade de proteger aqueles corajosos que, contra todas as probabilidades, enfrentam o sistema munidos da verdade, a coisa certa a se fazer.

É bonito demais que estas palavras sejam tão passionalmente expostas por um indivíduo que, até semanas antes, havia se decidido a dar fim à própria vida. O contato de Frank com a inocência do rapaz ressignificou sua própria jornada, a conexão emocional fechou as feridas, injetou esperança, não apenas nele mesmo, no mundo. Ele reconheceu no jovem a força de espírito que alimentava seus sonhos outrora, a chama que o mal, por interesse próprio, tenta a todo custo apagar.

A fagulha rebelde que o mecanismo destrói com ilusões de grandeza relacionadas à diplomas, status frágil e mentiroso, representado pela direção da tradicional universidade, que busca, com a possível delação do rapaz, escravizar ele no molde de medíocres facilmente manipuláveis. Frank, ao contrário, luta para alimentar em Charlie o inconformismo, o questionamento, em suma, o material que forja líderes incorruptíveis.

“Perfume de Mulher” é, acima de tudo, uma emocionante celebração da vida, um olhar otimista para o futuro, a partir da experiência de alguém que reaprendeu a enxergar quando, por um inesperado infortúnio, perdeu a visão.

*DA REDAÇÃO SAG.

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