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No face a gente deixa de seguir; na vida a gente deixa de se importar

Parece muita crueldade deixar de se importar, mas, em muitos casos, essa atitude nos salva e salva também o outro.

A gente cansa. Por mais que a gente ame, a gente cansa. Talvez essa coisa de amor incondicional seja uma balela, porque não dá para se relacionar sem que se imponham mínimas condições.

Sempre há condições que sustentam o amor. Não há dignidade que sobreviva a repetidas decepções. Ninguém aguenta ser feito de tonto por muito tempo.

Há uma aura mais magnânima que envolve o amor de uma mãe por um filho. Dizem que mães amam incondicionalmente, o que deve ser verdade até certo ponto.

Sim, vemos mães às portas de presídios, ao lado de camas de hospitais, lutando contra traficantes que aliciam seus filhos para as drogas.

No entanto, mesmo e apesar de toda força que esse amor carrega, mães também devem se cansar uma ou outra hora.

Todos temos um instinto de sobrevivência muito forte dentro de nós. Há, inclusive, relatos de mães que, após terem sido resgatadas dos campos de concentração nazistas, demonstraram remorso por terem comido da porção de ração de seus filhos lá dentro.

Fome é instinto. Fome nos torna como animais na selva. O físico, portanto, a necessidade de sobrevivência, é uma das condições do amor. Ninguém aceita morrer, fisicamente e emocionalmente.

Embora o nível de tolerância varie de pessoa para pessoa, todos têm o seu limite. As redes sociais são um exemplo disso: aguentamos seguir alguém, virtualmente, até o momento em que se torna insuportável manter aquela pessoa nos contatos.

Na vida, ocorre de maneira similar, pois chega uma hora em que temos de nos afastar, para respirar de novo, para obter leveza, para obter cura, para conseguir sobreviver.

Parece muita crueldade deixar de se importar, mas, em muitos casos, essa atitude nos salva e salva também o outro.

Algumas pessoas só vão acordar para a realidade quando perceberem que sua atitude afasta as pessoas, quando conseguirem entender que erram, que são ingratas e que ninguém é obrigado a lhes servir de bandeja o que elas mesmas devem conseguir por seus próprios meios.

Ninguém quer ser pai e mãe de parceiro.

Caso não estejamos inteiros e equilibrados, por conta de pessoas ingratas e que se recusam a mudar, jamais poderemos ajudar com propriedade aqueles que são gratos e capazes de entender que nem tudo será possível fazermos.

Não podemos gastar energia com quem não merece. Isso é fato. Isso é lógico. Isso deve ser nosso mantra, todas as manhãs.

Vida que segue. Vida que tem que seguir.

Prof. Marcel Camargo

Graduado em Letras e Mestre em "História, Filosofia e Educação" pela Unicamp/SP, atua como Supervisor de Ensino e como Professor Universitário e de Educação Básica. É apaixonado por leituras, filmes, músicas, chocolate e pela família.

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