Nem sempre estar certa é o suficiente, muitas vezes, a maioria ganha.

Quando eu tinha 11 anos estudava numa escola particular no interior de São Paulo. Como a cidade ainda não era muito grande, só tinha uma escola particular e no final todo as crianças que moravam no meu prédio também estudavam lá.

Foi assim que eu e mais duas amigas resolvemos fazer um grupo de dança para apresentar numa festa da escola. Poderíamos ensaiar em casa e, assim, ficaria mais fácil.

Lembro que a mãe de uma das meninas era dona de uma loja e escolheu looks iguais: uma calça legging, uma saia por cima e um top, cada uma de uma cor. Era tudo perfeito: Madonna, coreografia, look – tudo lindo!

Ensaiamos a exaustão. Repetimos a ponto de eu decorar até o pequeno arranhão que tinha no começo da música Material Girl do meu disco de vinil.

O dia da apresentação chegou e fomos focadas para o centro da quadra. Era um sonho eu poder dançar – eu amava – na frente de tantas pessoas. A música começou e começamos a coreo.

Depois de um minuto percebi que uma das dançarinas estava adiantada demais. Eu tenho um ouvido muito bom e percebi que ela começou a correr. A outra garota deve ter ficado insegura e começou a correr também.

E eu? Eu tinha uma decisão. Eu poderia correr também e acompanha-las. Ou poderia só continuar no ritmo certo até elas acertarem. Decidi seguir o ritmo certo, mas elas não fizeram isso. Continuaram correndo, terminando a coreografia bem antes do final da música. Eu mantive meu ritmo e terminei certo.

Saímos da quadra e a primeira coisa que eu vi foi a professora aos gritos, dizendo que não tinha dado certo. Eu já ia dizer, cheia de razão “você viu, elas correram demais” quando percebi que a bronca era comigo!

“Você deveria ter acompanhado elas”. Retruquei que elas estavam erradas, mas o que ouvi me marcou para sempre “Eu sei, mas você deveria ter acompanhado mesmo assim”.

Anos mais tarde perguntei a vários professores meus qual era a decisão correta e todos diziam que eu estava certa. Mas a questão é que alguém me disse que eu deveria ter seguido os errados, porque eram a maioria.

Devo dizer que isso influenciou minhas decisões na vida adulta. Por anos eu fiz o errado, mesmo achando outra coisa, porque a maioria dizia que era o melhor. As minhas certezas não era o suficiente para que eu fizesse o que eu achava certo. Mas sei que não foi – novamente – a melhor decisão.

Nem sempre conseguimos seguir nossos pontos de vista. Às vezes, de fato, algo pode ser potencialmente perigoso e acabamos fingindo demência e tentamos dar a volta pelo outro lado. Mas isso não é a regra – é a exceção.

Depois de muito tempo resolvi finalmente seguir minhas convicções. Mesmo parecendo nadar contra a maré, esse movimento mudou a minha vida. Parei de seguir as regras dos outros e me livrei de uma quantidade enorme de crenças que carregava por dar crédito a maioria. Mas ainda vejo ocasiões em que – por ser minoria – estar certa não é o suficiente.

E hoje, mais de 30 anos depois disso, ainda tomaria a decisão de dançar certo, dentro do meu ritmo e não me adaptar ao ritmo dos outros. Foi assim que escolhi misturar espiritualidade com psicologia. Foi assim que decidi que, mesmo sendo mulher, não preciso ter filhos. Foi assim que dispensei “bons partidos” em nome de grandes paixões.

Ok, não acertei sempre. Paguei alguns preços, com certeza. Mas mantive minha fidelidade a mim. E hoje não me arrependo da minha trajetória, apesar de saber que faria escolhas diferentes.

Aprendi que na maioria das vezes, só precisamos escolher novos caminhos.

Se a maioria ainda está ganhando, e você sente que as suas iniciativas não estão surtindo efeito, que o seu ponto de vista não é o suficiente, insista na sua verdade, porque só ela tem o poder de te fazer sentir bem consigo mesma!

*DA REDAÇÃO SAG. Milkos / Getty Images

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