“Extraordinário” nos faz refletir não apenas sobre os preconceitos que ainda existem em relação à aparência das pessoas, como sobre sempre se lembrar de que por trás de cada indivíduo existe uma batalha que não enxergamos.

O filme “Extraordinário” é de uma sensibilidade incrível! A história gira em torno de Auggie Pullman, um garotinho que nasceu com uma deformação facial e, como consequência, sempre estudou em casa.

O filme começa no momento em que Auggie irá ingressar numa escola e, enfim, socializar com crianças de sua idade. É perceptível a tensão dos familiares e do próprio Auggie – ele deixa claro já estar acostumado com os olhares alheios e, por isso mesmo, sempre anda de cabeça baixa.

Ao longo do filme podemos sentir na pele os dilemas e dificuldades que tanto a família, como o próprio Auggie enfrentam. Não é fácil para ninguém, mas tudo parece fortalecer os personagens conforme a trama se desenrola. Sentimos a dor e a angústia ao mesmo tempo que celebramos cada conquista.

Entre tantas lições de vida que o filme proporciona, uma com certeza se destacou para mim – e que já abordei algumas vezes em meus textos. “Extraordinário” nos faz refletir não apenas sobre os preconceitos que ainda existem em relação à aparência das pessoas, como sobre sempre se lembrar de que por trás de cada indivíduo existe uma batalha que não enxergamos.

E é tão importante se lembrar disso no nosso dia a dia. Cada pessoa que cruza o nosso caminho está lutando contra alguma coisa: um medo, uma insegurança, uma aflição, uma dúvida, uma perda.

É normal, faz parte da vida estar sempre numa batalha, seja ela grande ou pequena. O importante é se lembrar disso sempre, pois a partir do momento em que temos consciência deste fato, ser gentil com as pessoas se torna um hábito.

Assim como você, aqueles que estão ao seu redor também lutam diariamente e, portanto, merecem palavras de afeto e carinho. Auggie, a sua família e todos aqueles que constroem a trama do filme vivem as suas lutas particulares.

Então por que não agir com os outros da mesma forma que gostaria que agissem com você?

Não é necessário saber exatamente qual é a batalha de cada um, mas saber que cada um vive uma batalha.

O dia em que todos tiverem consciência disso, eu garanto que o mundo será um lugar melhor e com muito mais delicadeza, afeto e empatia.

Então, quando sair da cama amanhã e começar o seu dia, lembre-se de sempre olhar para as pessoas que cruzarem o seu caminho com o coração pronto para entender que aquilo que você está enxergando é apenas uma carcaça e por trás há mais, muito mais.









Bruna Cosenza é paulista e publicitária. Acredita que as palavras têm poder próprio e são capazes de transformar, inspirar e libertar. É autora do romance "Lola & Benjamin" e criadora do blog Para Preencher, no qual escreve sobre comportamento e relacionamentos do mundo contemporâneo.