Deus, “Por que você me fez seu alvo”? (Jó 7:20) Como a religião relaciona o sofrimento com o pecado – e como Deus responde!

Por que pessoas boas sofrem? Isso é um castigo? Ou, há algo terrivelmente errado com essa ideia?

Um texto antigo chamado O Livro de Jó tem uma opinião útil sobre o sofrimento. Sua mensagem é moderna, brilhante e próspera. E explica que a religião pode confundir ao invés de ajudar!

A história de Jó pode ajudá-lo bastante a entender algumas coisas.

O sofrimento não é necessariamente um castigo:

“Você consegue o que merece” é uma crença universal que resiste ao teste do tempo. Muitos sustentam que aqueles que sofrem traumas, provações e tribulações estão sendo punidos por alguma irregularidade. É uma equação básica – e um ensino poderoso:

Culpa = Sofrimento

Mas, Deus tem uma posição sobre isso?

A história de um homem bom chamado Jó desafia o paradigma da culpa / sofrimento, ilustrando que até os mais justos sofrem.

Se o sofrimento é uma espécie de punição, então por que os justos, que por definição estão sem (muito) pecado, são afligidos por trauma?

O tema abrangente de O Livro de Jó examina a injustiça do sofrimento traumático; e a aridez de explicações simplistas.

Em resumo, ele faz duas perguntas importantes:

Por que coisas ruins acontecem a pessoas boas?

Existe uma resposta religiosa ao sofrimento que não culpe a vítima?


O Livro de Jó:

Quando somos apresentados a Jó, vemos um homem bom que é abençoado com prosperidade. Parece que Jó tem tudo – ele é rico, sábio e tem uma ótima família.

“Uma pessoa boa é ferida”: o autor de O livro de Jó abre com um dispositivo literário. Ele presume um tipo de relacionamento entre Deus e Satanás.

Esse diálogo estabelece o drama do sofrer imerecido. Esta é a nossa experiência de trauma; e o assunto deste livro.

Portanto, Satanás quer que Deus teste a fé de Jó, porque, de acordo com Satanás, a piedade de Jó pode ser atribuída apenas ao fato de Jó ter sido abençoado com prosperidade. Segundo Satanás, Jó é um bom servo de Deus porque sua fé nunca foi testada.

Portanto, Satanás desafia a Deus.

Satanás duvida que a piedade de Jó persista se Jó perder tudo. De acordo com o livro, Deus concede a Satanás permissão para testar a justiça de Jó.

E assim, Jó experimenta uma série de dificuldades trágicas. Jó agora é um homem que sofre terrivelmente com os caprichos da vida.

Ele perde sua esposa, filhos amados e fortuna.

Ele também está aflito com doenças de pele dolorosas.

Provando que Satanás está errado, Jó se recusa a abandonar sua crença em Deus e nunca amaldiçoa a Deus.

Respostas triviais para as maiores perguntas:

Jó é então visitado por seus “amigos” que tentam “consolá-lo” com explicações teológicas desgastadas para seu sofrimento. Para meus ouvidos, eles parecem bem duros. Entre outras coisas, eles dizem a Jó:

“Você deve ter feito algo errado (pecado) e merece punição”.

“Existe um plano; você simplesmente não sabe disso. Pare de choramingar”.

“Você está chateado com Deus porque perdeu tudo”.

“Quanto maior a calamidade, maior o pecado. Você deve ter sido realmente ruim”.

(Se Jó estivesse vivo hoje, seus “amigos” poderiam dizer; pecados pequenos são realmente grandes pecados para um homem justo, ou que Jó precisa sofrer para ser purificado para o próximo mundo. Além de outros argumentos duros.)

Mas, Jó rejeita a todos, sem saber o que ele poderia ter feito para justificar um sofrimento tão incrível. Ele está em desespero. Mas Jó também está determinado – mantendo uma crença em sua inocência e na justiça de suas queixas. Ele exige respostas do próprio Deus.

Jó quer saber por que coisas ruins acontecem a pessoas boas. Ele sabe que não está certo e não aceitará as respostas de seus amigos. De fato, Jó acha seus amigos opressivos, se não ofensivos.

O leitor moderno se identifica com Jó. Seus amigos defendem muitos dos argumentos encontrados na religião contemporânea. Eles simplesmente não entendem os motivos diante do sofrimento real.

Infelizmente, pouco mudou.

A resposta de Deus – o que ela nos ensina:

Jó chama a Deus – e o Todo-Poderoso de fato responde!

Deus desce dos céus e repreende os amigos de Jó e rejeita o sentimento subjacente de seus consolos.

Deus explica a Jó que, para nós, meros mortais, às vezes não há palavras – nem racionalizações – que possam dar sentido à infelicidade que sofremos.

Deus acha essas respostas fáceis repugnantes.

A resposta de Deus serve como uma mensagem de que Jó (como qualquer outro ser humano) não pode começar a entender o mistério da vida e da morte, simplesmente porque não temos permissão para entender como o mundo (Deus) funciona.

Nesta vida, nenhum de nós nunca saberá por que coisas terríveis acontecem com as pessoas boas. No entanto, algo de importante aconteceu. Deus respeita Jó, a sua hombridade, integridade e a sua constante fé.

Deus realmente desce e responde a um homem mortal.

Jó conta aos olhos de Deus; e isso é muito.

Jó percebe que, mesmo que ainda não entendamos as motivações de Deus para o que acontece, não estamos sozinhos.

O trauma é de alguma forma necessário e temos que aceitá-lo.

As explicações podem nos fazer sentir melhor, mas elas enganam. Por fim, Jó, como todos nós, deve suportar o sofrimento sem saber por que … ou se a pergunta conta.

Uma vez que Jó aceita isso, ele de alguma forma consegue viver com seu trauma sem se tornar sua vítima.


Um final de conto de fadas:

O Livro de Jó começa com um recurso literário, inventando um diálogo entre Satanás e Deus. Em seguida, termina com outro artifício literário, recompensando Jó com saúde, uma nova esposa, filhos, duas vezes mais riqueza.

Entre esses dois contos de fadas, como suportes de livros, acabamos de testemunhar um grande drama sobre o significado do sofrimento. É uma obra gigante de literatura e uma obra-prima espiritual.

Então, qual é a moral da história?

A vida não é uma meritocracia. Nem sempre conseguimos o que merecemos.

Sofrer na mão de experiências traumáticas não é necessariamente uma indicação de punição por um pecado que foi cometido.

Às vezes, coisas ruins acontecem a boas pessoas que não merecem.

O Livro de Jó pergunta “por que as pessoas boas sofrem”, mas nunca responde à pergunta. O que ele faz é corrigir equívocos sobre o porquê de sofrermos. A verdade dessa história maravilhosa é que o homem não pode saber de tudo.

Os seres humanos geralmente querem respostas fáceis para perguntas difíceis.

Mas, essas respostas podem ser mais para nos fazer sentir melhor do que realmente nos ajudar a entender o mundo em que vivemos.

Os amigos de Jó não foram muito ruins, mas eles o enganaram. Eles representam o pensamento religioso comum, bem como a necessidade universal de que ter coisas faz sentido. Isso nos dá uma ilusão de controle.

Se você refletir sobre seus pecados, estará se envolvendo na mente da vítima. É uma teologia defeituosa e uma má terapia. Nossa medida não está no que acontece conosco, mas no que fazemos com o que acontece conosco.

Embora a terapia não existisse na época de Jó, ele queria conversar.

Seus amigos serviram ao propósito de esclarecer os pensamentos de Jó.

Em uma boa terapia de trauma, as pessoas aprendem a aceitar a injustiça de suas dificuldades. A partir deste local, você pode reconstruir novamente.

Por fim, como Jó, reconheça que você ainda tem uma vida para viver.

Não seja vítima de sua vitimização.

Possua toda a sua história, com as bases defeituosas e tudo.

Você não se beneficiará com piedade superficial ou sermões. A vida às vezes não faz sentido. Você pode ter perdido sua inocência, mas com boa sorte e trabalho duro, você pode ganhar alguma sabedoria e força de caráter.

O próprio Deus não pode descer do céu para responder a você. Mas você pode apostar que não é o primeiro nem o último a lidar com o tipo de trauma que sofreu.

Busque apoio para obter um bom tratamento. E faça a melhor vida possível.

No livro, Jó permaneceu honesto consigo mesmo. E essa é uma boa atitude aos olhos de Deus. E, é a melhor terapia.

*Via Psychology Today. Tradução e adaptação Seu Amigo Guru.









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