Se pudéssemos ter a paciência de aguardar a passagem do tempo, para então manifestar nossas impressões sobre os fatos que nos sucedem, evitaríamos conclusões precipitadas e seríamos mais gratos. Gratos porque assim perceberíamos que o que aconteceu foi o melhor para a nossa vida, embora pensássemos exatamente o contrário, enquanto nos lamentávamos em meio ao turbilhão de emoções que nos tomam no exato momento em que algo não corre de acordo com o que queremos.

Mas não, costumamos nos antecipar ao sofrimento, visualizando o pior que supomos estar por vir, imaginando que não mais seremos os mesmos, que nos tornaremos menos felizes, que somos a pessoa mais azarada desse mundo.

Só enxergamos o que perdemos, o que se foi, o que não mais é nem está, esquecendo-nos de tentar perceber o que então poderemos ser, conquistar, obter, o que os espaços vazios podem convidar para serem preenchidos com mais, com coisa melhor, pessoas mais generosas, momentos mais grandiosos.

A vida costuma seguir o seu curso com mais ou menos carinho, chacoalhando nossas verdades, desequilibrando nossas certezas, questionando-nos quanto ao que estamos fazendo com o que nos é ofertado diariamente. E é assim que a vida se encaixa, nos encaixa, colocando-nos de frente com o que somos, fortalecendo-nos e acomodando-se em meio à nossa jornada, no intuito de nos motivar a seguir, sempre, apesar de tudo. É nesse movimento que nos vai sendo tirado muito do que, sem que percebêssemos, impedia-nos de ampliar o nosso mundo.

Existem tantas oportunidades prontas para nos abraçar, tantas pessoas aguardando o nosso olhar, tantos lugares para visitarmos, tantos amores para dividirmos, muito melhores do que grande parte daquilo que achamos ser o mais certo para nós. Prendemo-nos a tantas amarras ilusórias, enquanto nos tornamos cegos ao mundo ali do nosso lado. Muito do que não aconteceu na verdade foram bênçãos que equivocadamente pensamos serem perdas. O que não foi simplesmente não era para ter sido.

Logicamente, será difícil mantermos serenidade durante os momentos de decepção e frustração que pontuarão o nosso caminhar, porém, confiar no tempo e no que de melhor a vida tem a nos oferecer será essencial para que não nos demoremos exageradamente na paralisia inútil das lamentações e lamúrias sem fim. Manter o pensamento positivo, ao contrário do que possa parecer, não é acreditar em contos de fadas, mas sim viver com a certeza de que a gente merece ser feliz, mesmo que não neste momento, mas no momento certo.









Graduado em Letras e Mestre em "História, Filosofia e Educação" pela Unicamp/SP, atua como Supervisor de Ensino e como Professor Universitário e de Educação Básica. É apaixonado por leituras, filmes, músicas, chocolate e pela família.