É possível ser feliz sozinha (o)! No início o sentimento foi de solidão, não ter alguém para contar sobre o meu dia, secar a louça ou matar as baratas. Era estranho chegar em casa e ver que tudo estava organizado como eu havia deixado, nem uma roupa para fora do cesto, copos sujos, meias pela casa.

Achei que não iria dar conta disso, ter que fazer tudo sozinha, limpar, fazer as compras, lavar o carro, dar ração para o cachorro, colocar o lixo para fora, pagar as contas, reformar a casa.

Mas, depois de um tempo, fui conhecendo uma parte de mim que eu não conhecia e essa sensação de solidão e impotência deu lugar a outro sentimento, chamado solitude, que é o contrário da solidão. Não é estar sozinho, e sim acompanhado de si mesmo.

Passei então a dar valor às pequenas coisas que antes passavam despercebidas.

Ter o tempo que eu quiser para me olhar no espelho e ficar me observando me ensinou a me aceitar como eu sou, conhecer os meus defeitos, mas acima de tudo exaltar as minhas qualidades.

Provar todas as roupas do meu guarda-roupa, sem que ninguém fique me apressando, e sair vestida como me agrada, mostrou-me o quanto isso me deixa mais segura de mim, pronta para encarar qualquer coisa ou pessoa. E acreditem, sempre tem uma roupa que fica bonita no nosso tipo de corpo.

Pagar todas as contas da casa com o dinheiro do meu trabalho, e poder comprar três batons de cores parecidas no mesmo mês me traz um sentimento de autorrealização, por que eu sou capaz de me manter sozinha.

Hoje eu sei que posso fazer muitas coisas que eu nem imaginava que pudesse, como trocar a resistência do chuveiro, ficar uma noite inteira sem luz e sem vela, ir ao material de construção e escolher tomadas e interruptores sem ter um homem presente, levantar de madrugada ao ouvir um barulho, conhecer a mecânica estranha do carro, encher o pneu e verificar a água.

Aprendi que estar sozinha é também estar na melhor companhia.

A solitude me deu a oportunidade de me conhecer, conhecer meus limites, minhas habilidades, qualidades e defeitos, e me mostrou o quão desconhecida eu era de mim mesma.

Penso que todos deveriam passar primeiramente por esta experiência antes de compartilhar a vida com outra pessoa, afinal, não dá para cobrar do outro que goste da gente, quando nem mesmo nós gostamos, e para gostar é preciso se autoconhecer, é preciso se amar, cuidar de si mesmo e se valorizar.

Quando enxergamos o nosso valor e as nossas qualidades, não aceitamos qualquer coisa, qualquer insulto, qualquer trabalho, qualquer carinho, um pouquinho de atenção ou amores meia-boca.

Muitas histórias teriam finais felizes se nós nos amássemos primeiro.









Elen Diandra Cavasini, 25 anos, graduada em Ciências Contábeis, contadora de números e histórias, apaixonada por viver as coisas simples da vida, autora da minha própria história, continuo escrevendo...