A pior pobreza é a incapacidade de olhar para alguém com amor e bondade, é não ter amor ou piedade pelo próximo. Um pobre de espírito é ranzinza, é intransigente e tenta se impor, mas um espírito de porco é maldoso e não está nem aí para o outro, nem aí mesmo.

Dinheiro compra quase tudo e seduz muita gente, é verdade. Mesmo com dinheiro sobrando ninguém pode ir até ao supermercado, ou a farmácia, ou ao shopping e comprar sentimentos bons, saúde, sorrisos, vontade de viver, paz, calma

Semana passada, eu vivi um momento estranho no meu dia, encontrei uma pessoa querida e percebi que dentro dela havia um mix de vazio e ingratidão. Todo mundo sente algum tipo de vazio, perde encantos, fica triste e se revolta, mas quando tudo isso transborda e não é feito nada, logo aquele sentimento de impotência visível se instala.

Tem gente tão amarga que nem leite condensado pode amenizar o gosto, outras são tão metidas que nos dão preguiça, tantas outras nem sabem quem são ou o que representam, porém o pior mesmo é aquela pessoa que tem espírito de porco, que não sabe acalmar alguém, estender a mão e ainda aponta sem escrúpulo as olheiras e os tombos dos outros.

Cansamos das pessoas que fazem questão de um centavo, que pensam ser exemplos, que o tempo todo querem se mostrar melhor do que todo mundo, que têm a capacidade de tratar alguém com desrespeito e autoridade, que não são capazes de estender uma mão para ajudar o próximo, que têm muito e são incapazes de oferecer um pão, puro espíritos de porco. Poderia citar inúmeros exemplos de espíritos de porco.

A pobreza de espírito, da alma ainda dá para aguentar porque nem sempre a pessoa se reconhece pessimista, negativa e de mal com a vida, mas um espírito de porco, além de medir com gosto a dor do outro ainda sente prazer.

A pior pobreza é a incapacidade de olhar para alguém com amor e bondade, é não ter amor ou piedade pelo próximo. Às vezes, confundimos pessoas chatas e pobres de espírito com alguém ruim mesmo, vulgo espírito de porco. Um pobre de espírito é ranzinza, é intransigente e tenta se impor, mas um espírito de porco é maldoso e não está nem aí para o outro, nem aí mesmo.

Estamos carentes por pessoas que valem à pena, por romances que querem viver “realmente” uma história de amor, por gestos simples que vêm de dentro da alma, não da boca pra fora. Não precisamos daqueles sentimentos pobres, sem vontade alguma de se envolverem ou que só pensam em aproveitar da pessoa ou da situação.

A pior pobreza é quando alguém pensa apenas em si mesmo e aproveita da fraqueza do outro para tirar alguma vantagem, mas como tudo que vai, volta…

Nem sempre uma pessoa pobre de espírito consegue ver dentro de si mesma ou além, enquanto o espírito de porco trapaceia, joga com a vida do outro, manda, desmanda e ainda bate no peito dizendo que é bom. Bom? Isto é ser alguém que não sabe o quanto custa uma lágrima, um beijo verdadeiro, uma decepção, um soco no estômago, um abraço, um beijo bom. Gente infeliz sabe pegar o ponto fraco dos outros sem arrependimento algum.

Quando você é obrigado a conviver com alguém bem espírito de porco, apenas trate-o com dignidade e respeito, porque igualar-se a essa pessoa é chegar ao nível dela, deixando o seu caráter de lado. Confronte esse espírito de porco com um sorriso, com uma oração ou com uma bondade, porque é melhor do que remediar ou descer do salto. Desça do salto apenas se for para se aliviar, caso contrário, mantenha a pose, porque se impor com classe derruba qualquer arrogante ou espírito de porco.

Tem gente que vai passar uma vida toda sendo mau, vivendo de aparência, machucando os outros e com aquele ar de dever cumprido, tão superior que pensa ser gente do bem.

Tem tanta gente que come couve e arrota pepino, e tem tantos outros que comem caviar e apodrecem por dentro. Tudo é tão relativo…









Simone Guerra é mãe, escritora, professora e encantada pela vida. Brasileira morando na Holanda. Ela não é assim e nem assada, mas sim no ponto. Transforma em palavras tudo o que o coração sente e a alma vive intensamente. Apaixonada por artes, culturas, línguas e linguagem. Não dispensa bolo com café e um dedinho de prosa.